Carnatal com o Dal Fast Food

Era Natal. Eu estava na casa da minha vovó, estava animada as coisas por lá, ainda me lembro de estourarmos champagne no quintal, mas o que era mais aguardado era o que vinha depois.
Lembro que estava a Michelle, a Hellen o Líceo e o Anderson [era isso mesmo? quem estava?]. Na época, o Uno Branco fazia a via sacra pegando todo mundo e rumavamos à bohemia. Neste natal, resolvemos ir para Santo Anastácio, cidadinha divertida que acabavamos de conhecer. Havia um bar Rock n' roll, que rolava muito som legal e tinha bebidas baratas. A gente quase não ficava no bar, estava sempre na rua, na pracinha, e o legal era dizer que iamos só por causa do bar de rock.
Não me lembro ao certo, mas provavelmente cantamos "more than words" no caminho, pois não tinha som no carro e esta era a nossa música padrão.
Chegamos na cidade e o Oskenroll estava fechado. Tristes e revoltados, pois onde já se viu o único bar rock fechado no Natal! Acho que não tinhamos noção de que todo rockeiro é preguiçoso. Resolvemos dar uma volta na cidade, e descobrimos o "Nosso club", onde rolava um carnatal.
Michelle foi até a recepção saber o que rolava, e voltou dizendo que a recepcionista falou entusiasmada e animada o que estava rolando na casa "Hoje é carnatal, com o Dal Fast Food de Presidente Prudente" enfatizando ainda mais o nome do cidadão e a cidade de onde ele vinha.

Já que não tinha nada menos-pior-de-ruim pagamos as entradas e nos metemos na muvuca! foi divertido, dançamos, pulamos e pouco mais de uma hora depois, quando estavamos entrando no ritmo da festa, o DJ falou tchau, o Dal Fast Food se despediu e estava encerrada a festa! era 5:00am e eles tinham q terminar aquele horário. O salão estava lotado, o povo se divertindo e a festa acabou do nada.

Extremamente decepcionante! ficamos chocados com a história da festa terminar cedo.

Lembro que eu carregava no carro um panetone e uma champagne que tinha ganhado do trabalho, O panetone voltou como estava, mas não lembro se tomamos o champagne... eu pelo menos lembro que estava com vontade de tomá-la lá mesmo (já tinha deixado no carro pensando nisso).

nota: uma vez, estavamos indo para Sto Anastácio, não lembro se neste mesmo episódio, que alguem disse que era possível ir até lá por Alvares Machado, então, entramos na cidade. Quando percebi que havia pego a rua errada, acabei jogando o carro em cima de um povo que estava sentado na calçada, eles ficaram assustados, eu engatei uma ré, dei a volta e saimos dando risada da cara do povo assustado.

Apelidos

Todos já encontramos um pentelho em nossas vidas que insiste em nos dar um apelido e quanto menos você gostar do apelido, mais ele vai pegar.
Uma irmã da Michelle tinha um namorado alto, magrelo que trabalhava como pintor. Era o tipo gente-boa, que gostava de zoar com a gente, entre suas zoações, ele adorava dar apelidos.
Meu irmão virou o cebolão. Sua cabeça “grande” e os cabelos parecidos com o Cebolinha lhe renderam esse apelido.
Mas outros apelidos foram assumidos:
O Anderson era o “Pai” como o mais velho, estudante de direito, ele seria o responsável por nós, seria ele o responsável por nos ensinar as coisas da vida.
A Paula era a “Pow” e algumas vezes ela se denominava “Vaquinha”, por conta dos peitos avantajados.
A Michelle, adotada por ela mesmo, tinha o apelido de Mix.
A Hellen era a “Hell”
Eu e o Líceo não tinhamos apelidos.

Cachoeira do Aeroporto

Um chuveiro gigante ao ar livre, com pedras e água cristalina sempre me atraíram e acho que muitos também se sentem atraídos. Dizem que tomar banho de cachoeira é energizante. O duro é encontrá-las.
Michelle estava ficando com um guri, que certa vez (acredito eu que sem más intenções) levou-a para uma cachoeira próxima ao Aeroporto de Prudente.
Ela gostou do lugar e comentou por diversas vezes de irmos até a tal cachoeira. Até que nos convenceu a ir até a tal cachoeira. Acredito que era um sábado a noite quando decidimos acordar cedo no domingo e seguir à procura da tal cachoeira.
Eu com meu recém-adquirido Fiat Uno Branco – sem som – estávamos loucos para explorar os caminhos desconhecidos e as regiões distantes nunca antes almejadas.
Lógico! Nossa guia teria que ser Michelle. Ela e somente ela sabia o nosso destino. Já estávamos juntos no Uno: Eu, Michelle, Anderson, Líceo e Hellen (eu acho). Quando chegamos ao aeroporto e começamos a questionar a Michelle para que lado seguir que descobrimos a fria que nos metemos.
Lembro que como não tínhamos som no carro, o som era provido do toca-fitas à pilha que tocava Good Morning Star Shine entre outros tops-hit .
Procuramos muito, por diversas estradinhas, perguntamos para as pessoas que encontrávamos pelo caminho, mas a cara de assustado com a qual nos respondia um “nunca vi cachoeira por aqui” era indescritível. E a Michelle não reconhecia nada do caminho, nada de entradas, nada de rumos.
Anderson com seu maior conhecimento territorial levou-nos até uma cachoeira bem distante do tal aeroporto, próximo ao Clube de Campo San Fernando. Valeu a pena! Fizemos bagunça, exploramos o lugar, tomamos um banho de cachoeira, e estranhamos a cor e cheiro da água que parecia bem sujinha.
Não voltamos mais lá. Mas deste dia em diante, sempre que a Michelle ia nos ditar algum caminho começávamos a rir e debochar dela, que não lembrava do caminho para a tal cachoeira.
Depois de muito tempo, conseguimos descobrir a cachoeira próxima do Aeroporto. Ela tem cerca de 2 metros de altura, um bom nível d´agua. Fomos algumas vezes nesta cachoeira, mas sempre é lotada de final de semana, e cheia de macumbas. Sorte a minha que não acredito nestas coisas, pois joguei tanta tranqueira fora !
E mesmo esta cachoeira, como se encerrasse a temporada, nunca mais voltamos lá.

Apliqueeee

Caminhar era com a gente! Prudente era pequena para nossos passos. Sair de casa próximo ao Bongiovani, caminhar até o Itapura e depois ir até o Prudenshopping é só pra quem mora lá saber o empenho necessário. Não só pelas distâncias, mas pelo sobe e desce que tem em prudente e o clima quente e seco que nada ajuda. Numa de nossas andanças, Saimos do Shopping Americanas e fomos para o centro da cidade pela Joaquim Nabuco, lugar escolhido a dedo, pois já era noite e com certeza encontrariamos alguns travestis fazendo ponto na esquina com a Francisco Goulart ou na esquina da Rui Barbosa.

E foi na esquina da Francisco Goulart que encontramos dois travestis, um em cada lado da esquina. Quando passamos pelo primeiro, ele gritou com uma voz forçando ser afeminada que dava um ar robótico e anasalado à voz "Apliqueeee !" Se referindo ao meu cabelo comprido. O outro travesti respondeu com a mesma voz robotica-anasalada "Não é aplique naauumm".

Foi só gargalhadas entre nós. Por muito tempo, o Anderson me encontrava e a primeira coisa que ele falava era imitando os travecos "Apliqueeee"

Foram os Engenheiros do Hawaii


Ganhamos de natal um Aparelho de Som. Na época, era um sinal de status e de musica alta. Tinhamos antes deste um velho gravador de K7. E agora tinhamos um Aparalho de som com Rádio, 2 deck de K7, Equalizador Gráfico e Tocador de Disco. era o máximo ! Depois do equipamento definitivamente instalado, fomos até a loja de vinils mais próxima para fazer algumas aquisições e em fim entrar no mundo dos discos.
Até hoje me pergunto o que eu vi de interessante no disco do Engenheiros do Hawaii, o disco O papa é pop foi então a minha primeira aquisição disco-musical.
E não poderia ter feito melhor escolha! Tanto que posteriormente comprei o disco Varias Variáveis e G.L.M na sequencia.
Devido a alguma aula vaga, ou enforcamento mesmo, sai com a Pow e fomos para o PUM, ou Parque de Uso Multiplo. Lá, Pow me apresentou um amigo. Ela me falou que eu iria gostar de conheçe-lo pois o tal rapaz era muito fã dos Engenheiros do Hawaii.
Líceo fazia aulas de linguas junto com a Pow, e eles se tornaram bons amigos e eu agora também fazia parte desta corrente.
Ainda tenho a imagem na cabeça: Eu, Pow e Líceo, sentados num banco sem encosto, à noite, debaixo de um post, num canto do estacionamento do PUM. Falando sobre engenheiros do hawaii, ele me mostrando a capa do caderno que tinha desenhos e o logotipo da banda e ele tinha um CD na mochila... acho que do "Filmes de Guerra, Canções de Amor".
Nesta época de andarilhos, sempre caminhavamos pelas ruas cantando uma musica dos engenheiros, disputando, de forma sadia e imperceptivel, quem conhecia mais as letras das musicas deles.

Como eu entrei na turma

Eu e meu irmão sempre fomos meio grudados. Tanto que decidimos fazer aula de ingles juntos, entramos no CCAA acho que em 1996. O CCAA tinha sempre um dia especial no Playcenter em São Paulo. Neste dia, somente caravanas do CCAA de todo o Brasil poderiam aproveitar-se do parque. E eu fui, mas meu irmão ficou. Conheci então Paula Fernanda, ou como ela preferia Pow. A Pow era um tipo dark-hippie, usava bolsa de pano azul, unhas de cor forte.. acho que preta ou azulão, baton vermelho-escuro, calça big e All Star.
Já no onibus, saimos por volta das 21h, e ai que eu fui conhecendo quem era Pow. Uma pessoa muito bacana, pra frente, de bom humor. No parque, acabamos andando juntos com mais dois amigos que estudavam ingles comigo e Leticia, que era uma amiga mais distante, mas que ainda aparecerá em outras histórias por aqui. Depois do dia no Playcenter, não encontrei mais com a Pow, cheguei a ligar algumas vezes pra ela por conta do Stage Diving, um programa de Heavy Metal que rolava de sabado a tarde na rádio.

Minha maior surpresa, foi um ano depois, eu estava no 3o. Colegial no IE, estudando a noite e eu a encontrei novamente, um esbarrão no corredor do colégio. Ela começava a fazer o 1o. Colegial e ali começava nossa história. Nos intervalos, estavamos juntos, conversando, falando sobre Rock´n Roll e nossas vidas malucas.

Confesso que muita coisa era novidades para nós que saiamos do ninho da casa e ganhavamos a liberdade (e os perigos) do mundo. Eu já trabalhava, mas ainda era muito preso aos meus pais, era comodado em ficar sob as asas dos pais. Já Pow era uma menina mais segura de si, que tinha ganho sua alforria já a algum tempo e até tragava sozinha seus cigarros.

Uma sexta-feira qualquer, fui convidado pela Pow para ir à Estudio 90, um lugar um tanto estranho, para um show. Não me lembro ao certo do que era o show, quem iria tocar, mas foi lá que eu conheci algumas pessoas:
Gustavo: Um loirinho do tipo bombadinho com pouca sinapse
Rafael: Um tipo fortão grandão que muito tempo depois foi preso por guiar a moto onde o pai estava na garupa e matou com tirou uma outra pessoa.
Michelle: Era a mais loira que eu já havia conhecido, ainda lembro que ela estava de blusa verde-agua e macação branco.
Anderson: Um cara largado, cabelos mal arrumados, calças rasgadas e camiseta de banda.. não lembro qual, mas deveria ser Black Sabatt ou Nirvana.
Líceo ? esse eu não lembro se estava junto ou não.
Mas me lembro que a Pow pediu para eu fingir estar com ela (ficando com ela) por conta do Rafael que queria ficar com ela e ela já tinha descartado-o falando que ela estava comigo.
Anderson e Michelle estavam de rolo, uns beijinhus e talz,
E aquela foi uma noite muito maluca para mim... a Pow sentando no meu colo (era a primeira vez que uma garota fazia isso), The Doors tocando no ultimo volume e aquele ambiente sombrio e esfumaçado.
Não tinha idéia de onde aquilo tudo ia dar, de como seria os anos seguintes e do quanto eu ia viver e compartilhar minha vida com aqueles que havia acabado de conhecer. Diferente de hoje, eu não julgava ninguem, não dava a mínima para onde a pessoa morava, o que fazia ou deixava de fazer. Me importava somente com as idéias que as pessoas tinham, as risadas que davamos e a liberdade que tinhamos longe dos pais.

Prefácio

Este blog está aqui para escrever histórias divertidas sobre a amizade de algumas pessoas... não podemos dizer ao certo quantas pessoas, pois durante o tempo, pessoas vieram, pessoas foram e esta amizade sempre permaneceu.
Estas (espero eu) não ser histórias escritas por minha pessoa, mas histórias escritas e complementadas pelos amigos.... amigos que eu fico tentando dar um nome a esta amizade, tentando semelha-la a alguma coisa, mas nada acho igual. Pensei até em criar um verbo para esta amizade, mas acho que não sou tão bom assim ehehehe. espero logo logo achar um nome para este. Por enquanto o nome é latin "Amicus Vitae" que seria algo como Amigos Vitalícios. Sim, a certeza que são amigos para toda a vida.
A distância e a possibilidade de superar magoas foram os pontos mais fortes desta amizade. Todos tivemos ou temos momentos de distancia que são superados, seja pela Internet, seja pelo Telefone ou até pessoalmente, num feriadão onde a maioria se encontra em Presidente Prudente.
Presidente Prudente é o palco desta história, lá a maioria dos amigos nasceram e cresceram. Uns partiram, foram em busca de uma vida de sucesso, realizações profissionais e levaram consigo todas estas histórias que aqui serão contadas.
Agradeço a todos amigos pelos bons momentos, pelas boas risadas e pelos ombros amigos na hora que precisamos.